quarta-feira, 2 de novembro de 2011

DO CARMA


Algumas coisas da vida, compreendo,
outras não.
Algumas coisas que me acontecem, aceito,
outras não.
Consigo racionalizar muitos fatos,
outros não.
Entender as dores que nos afligem,
muitas não.
Explicar as desgraças alheias,
as minhas não.

Senhor!
Dai-me compreensão
das coisas que não posso discernir,
compreensão das coisas
que não posso justificar
e resignação para continuar vivendo
apesar de tudo.

Jurandyr Pereira
FRC

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O USO DO INCENSO


Os Rosacruzes usam incenso, devido aos efeitos que ele propicia no seu desenvolvimento místico, para fins de Meditação e Harmonização Cósmica:
Efeito Psicológico - Decorre do simbolismo do uso do incenso, isto é, a fumaça do incenso, evolando-se e desvanecendo-se no ar, é o símbolo da ASCENSÃO DA CONSCIÊNCIA E SUA HARMONIZAÇÃO CÓSMICA. O simbolismo provém da interação, por analogia e segundo a Lei do Triângulo, entre o fato físico da fumaça se elevar, desaparecer no ar, o ideal e desejo do místico de elevação de sua consciência e harmonização do Plano Cósmico. Podemos também considerar o efeito psicológico do simbolismo do fogo, representado pela brasa do incenso. O fogo representa e sugere luz e transmutação.
O efeito é o despertar desse ideal na mente do místico, propiciando o seu desenvolvimento. O fato de que isto seja feito habitualmente, sob forma de ritual, desencadeia instantâneamente aquele despertar.
Efeito Sensorial - É o mais evidente e consiste na sensação de consciência agradável provocada pela fragrância do incenso. Trata-se então de um recurso dirigido ao sentido do olfato.
Efeito Psíquico - A vibração do incenso pode estimular as funções dos centros psíquicos ou glândulas que regem o fluxo das energias cósmicas no sistema nervoso humano. O resultado é a ativação desses centros psíquicos, o que estimula o despertar místico. E há o efeito do incenso no ambiente, modificando seu estado vibratório e tornando-o mais apropriado.
O importante é ter em mente que os Rosacruzes usam incenso para as finalidades "técnicas" acima citadas, e não por motivos de natureza supersticiosa. Como todos os demais recursos do desenvolvimento místico, o incenso é indispensável e ajuda muito, principalmente durante a fase inicial de aprendizagem, no estágio de neófito.
Com o passar do tempo, podemos dispensar esse recurso e entrar em estado de meditação e harmonização rapidamente em qualquer lugar. Para o místico desenvolvido, é sempre mais agradável e mais fácil fazer o seu Serviço Rosacruz com o uso de um incenso rosacruz ou outro de boa qualidade.

Por Hélio de Moraes e Marques
GRANDE MESTRE
junho/2010

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Por que somos ROSACRUZES?



(por RALPH M. LEWIS, FRC)
A pergunta quanto ao porquê de sermos Rosacruzes poderia apresentar muitas respostas
diferentes. Poderia haver tantas respostas distintas quantos são os membros da AMORC.
Porém, por trás das diversas respostas há uma causa comum, e essa causa se expressa em outra
questão: Por que estamos aqui? Toda pessoa reflexiva de qualquer idade alguma vez ponderou
sobre esta questão. O ser humano tem pressuposto e sinceramente acreditado possuir um
vínculo com o Infinito. Acredita haver energias intangíveis, uma inteligência psíquica que o liga à
causa primeira de tudo. Além disso, o homem tem mostrado propensão a considerar a mente superior à matéria. Tem, em geral, contestado a noção de que a totalidade da mente humana seja
um subproduto da matéria em movimento. O homem tornou-se capaz de empregar a mente para levar forças físicas da natureza a obedecer a sua vontade. A mente tornou-se causativo em
seu mundo.
Consequentemente, pareceu coerente ao ser humano que uma inteligência correspondente,
porém superior, se encontrasse além de toda realidade. Parecia ilógico que o Cosmos fosse
desprovido desse poder de que o próprio homem tanto se orgulhava. Por conseguinte, o ser
humano concluiu que uma Inteligência Infinita, que tudo criara, também o impregnaria. O
homem estabeleceu ideais para si mesmo. Conduz seu organismo no sentido desses ideais.
Acredita, portanto, que a Inteligência Infinita, Transcendental ou Cósmica deva também ter um
propósito final superior em relação ao homem.
Porém, é difícil para este conciliar as experiências humanas com a crença num propósito
divino. Não há caminhos bem definidos que conduzam a ideais concretos de felicidade. O caminho
da vida é entremeado de eventos variados. Alguns abrigam o bem; outros, o mal. A sorte
humana varia quase diariamente, como um cata-vento na tempestade. Milhões de homens e
mulheres se têm lamuriado como o antigo filósofo epicurista, Lucrécio. Lamentava-se este: " Por
que trazem doenças, em sua passagem, as estações do ano? Por que a morte prematura em toda
parte espreita? A criança recém-nascida enche o quarto de lamentos tristes. Bem o faz, que seu
destino será andar pela vida através de numerosos infortúnios".
Será o homem, afinal, apenas produto de forças mecânicas não-pensantes do universo?
Deve ele andar pela vida aos tropeços, tentando agarrar as saias do destino? Se há uma missão
para seres como o homem, qual será? Isto resultou na pergunta quase universal: Por que
estamos aqui? Ao buscar sua resposta, o homem busca segurança. Necessita de uma certeza
pessoal que lhe possibilite a paz de espírito.
Há homens que pensam que a vida, como a vivem lhes foi predeterminada. Creem
necessário submeter-se às vicissitudes da vida. Para eles, a existência é como uma bola de bilhar,
rolando e desencadeando eventos à sua passagem. Esperam que nalgum ponto do caminho caiam
na caçapa certa de uma jubilosa vitória na vida; se não o conseguirem nesta existência,
consegui-lo-ão na vida após a morte.
Outros há que acreditam que a felicidade e a paz de espírito constituem responsabilidade
exclusiva do próprio homem. Adotam o ponto de vista de que não há certeza cósmica, mas
apenas possibilidades. Existem fatores tanto de miséria quanto de felicidade. Tais pessoas creem
que competem à mente humana determinar valores e relações corretas. Estão convencidas de
que somos nós próprios, ao vivermos os mistérios da vida, que podemos responder a questão
"Por que estamos aqui?". Quem assim pensa são os Rosacruzes. Se não pensamos deste modo,
não somos Rosacruzes no sentido tradicional.
Como Rosacruzes, portanto, devemos aprender a estabelecer um propósito sensato para
nossa vida. Este propósito depende do nosso discernimento das relações que temos com o
Cósmico. Consiste também na descoberta dos vínculos que temos com as forças da natureza, que
também são Cósmicas. Consiste, enfim, em aprendermos como estabelecer um relacionamento
proveitoso com nossos irmãos humanos. A dois caminhos para alcançá-lo. Primeiro, a eliminação
dos valores negativos. Por negativos entendemos ideias, noções e crenças que inibem nossos
poderes e funções naturais. A ação é o positivo. O negativo é a inércia correspondente. Nem toda
ação. naturalmente, é boa, como também nem sempre o controle e o refreamento são errados, se
algo há que devemos realizar cósmica, moral ou socialmente, e não o realizarmos, isto constituirá,
então, uma atitude adversa, negativa.
Entre os grandes negativos que devemos combater encontram-se os temores associados
à morte. É natural que o homem tema a morte. Esta significa o exato oposto da vida, a cessação
de toda a atividade de que consiste a existência. Permanentemente, há em nossa subconsciência
o inelutável impulso para ser, para viver. A mente consciente é sempre sensível a esse impulso,
a essa inclinação. Por conseguinte, a morte geralmente parece um fim, uma porta que se fecha
para qualquer que seja o sentido que tenhamos atribuído à vida.
O homem conhece a certeza da morte, do fim da existência física. supõe, espera e
acredita haver uma continuação da vida após a morte. A filosofia e a religião cultivam a
disciplina da escatologia - que compreende a investigação ou o estudo dos fins últimos da
existência humana. Tais sistemas procuram explicar a vida após a morte em termos de nossa
experiência mortal e terrena. Atribuem à vida após a morte e provações a que se encontra
sujeita a personalidade humana. Estendem para o outro mundo valores morais como bem e mal.
Admitem a existência de castigo, de punição, prescrita segundo o mal que o homem tenha
cometido.
(continua...)



segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"MÃE, FLORESTA-MÃE"




No horizonte
ao longe,
vejo refletido no céu da Mente
tudo o que sou
e aquilo que nunca serei
...e se algum dia lá chegar
"a ser ou a não ser!"
pois,
as vírgulas e pontos finais
vetam os caminhos da libertação
ao parágrafo que um dia escreverei
para além das auroras
e dos limites de qualquer página
escondida para além de uma resma
de papel ainda por transformar
de uma árvore que grita
ainda por cortar
e da motoserra que se afia
e se prepara para o destino sem fim
da estória que nunca existiu
e de uma lágrima celulósica
caída em desgraça e dor
na extinta pasta seca
da vida em fotossíntese
do verde da folha sem alegria
jamais
e sem vento
passando no entrebico
do cântico calado para sempre
do pássaro sem ninho
e sem eternidade jamais
a não ser que!
a não ser que...
a não ser que parem já
e escutem o coração da floresta
tão Mãe como...
a Mulher Maria Mãe...
parindo no infinito do silêncio
a beleza da seiva existencial
e dos tempos por vir...

Por Manuel de Souza, FRC - Angola
escrito em Luanda, aos 28 de março de 2002
Dedicado às Mulheres do Tempo e às Florestas-Mães
da Existência e do Homem.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Maria Bethânia canta "O doce mistério da vida"


Poema VIII de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) recitado
por Maria Bethânia.
"O doce mistério da vida"... Isso nos diz muito...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Mensagem a Garcia


MENSAGEM A GARCIA

Elbert Hubbard

(22/2/1899)

Em todo este caso cubano, um homem se destaca no horizonte de minha memória como o planeta Marte no seu periélio. Quando irrompeu a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava a estes era comunicar-se rapidamente com o chefe dos insurretos, Garcia, que se sabia encontrar-se em alguma fortaleza no interior do sertão cubano, mas sem que se pudesse precisar exatamente onde. Era impossível comunicar-se com ele pelo correio ou pelo telégrafo. No entanto, o Presidente [Mac Kinley] tinha que tratar de assegurar-se da sua colaboração, e isto o quanto antes. Que fazer?

Alguém lembrou ao presidente: "Há um homem chamado Rowan; e se alguma pessoa é capaz de encontrar Garcia, há de ser Rowan".

Rowan foi trazido à presença do Presidente, que lhe confiou uma carta com a incumbência de entregá-la a Garcia. De como este homem, Rowan, tomou a carta, meteu-a num invólucro impermeável, amarrou-a sobre o peito, e, após quatro dias saltou, de um barco sem coberta, alta noite, nas costas de Cuba; de como se embrenhou no sertão, para, depois de três semanas, surgir do outro lado da ilha, tendo atravessado a pé um país hostil e entregado a carta a Garcia, são coisas que não vêm ao caso narrar aqui pormenorizadamente. O ponto que desejo frisar é este: Mac Kinley deu a Rowan uma carta para ser entregue a Garcia; Rowan pegou a carta e nem sequer perguntou: "Onde é que ele está?"

Hosannah! Eis aí um homem cujo busto merecia se fundido em bronze perene e sua estátua colocada em cada escola do país. Não é de sabedoria livresca que a juventude precisa, nem de instrução sobre isto ou aquilo. Precisa, sim, de um endurecimento das vértebras, para poder mostrar-se altiva no exercício de um cargo; para atuar com diligência, para dar conta do recado; para, em suma, levar uma mensagem a Garcia.

O general Garcia já não é deste mundo, mas há outros Garcias. A nenhum homem que se tenha empenhado em levar avante um empresa, em que a ajuda de muitos se torne precisa, têm sido poupados momentos de verdadeiro desespero ante a imbecilidade de grande número de homens, ante a inabilidade ou falta de disposição de concentrar a mente numa determinada coisa e fazê-la.

Assistência irregular, desatenção tola, indiferença irritante e trabalho mal-feito parecem ser a regra geral. Nenhum homem pode ser verdadeiramente bem-sucedido, salvo se lançar mão de todos os meios ao seu alcance, quer da força, quer do suborno, para obrigar outros homens a ajudá-lo, a não ser que Deus onipotente, na sua grande misericórdia, faça um milagre enviando-lhe como auxiliar um anjo de luz.

Leitor amigo, tu mesmo podes tirar a prova. Estás sentado no teu escritório, rodeado de meia dúzia de empregados. Pois bem, chame um deles e peça-lhe: "Queira ter a bondade de consultar a enciclopédia e de me fazer uma descrição sucinta da vida de Corregio."

Dar-se-á o caso do empregado dizer calmamente: "Sim, senhor" e executar o que lhe pediu?

Nada disso! Olhar-te-á perplexo e de soslaio para fazer uma ou mais das seguintes perguntas:

Quem é ele?

Que enciclopédia?

Onde é que está a enciclopédia?

Fui eu acaso contratado para fazer isso?

Não quer dizer Bismarck?

E se Carlos o fizesse?

Já morreu?

Precisa disso com urgência?

Não será melhor que eu traga o livro para que o senhor mesmo procure o que quer?

Para que quer saber disso?

E apostos dez contra um que, depois de haveres respondido a tais perguntas, e explicado a maneira de procurar os dados pedidos e a razão por que deles precisas, teu empregado irá pedir a um companheiro que o ajude a encontrar Garcia, e depois voltará para te dizer que o tal homem não existe. Evidentemente, pode ser que perca a aposta; mas, segundo a lei das médias, jogo na certa. Ora, se fores prudente não te darás ao trabalho de explicar ao teu "ajudante" que Corregio se escreve com "C" e não com "K" , mas limitarás a dizer-lhe meigamente, esboçando o melhor sorriso: "Não faz mal; não se incomode", e, dito isto, te levantarás e procurarás tu mesmo. E esta incapacidade de atuar independentemente, esta inépcia moral, esta invalidez da vontade, esta atrofia de disposição de solicitamente se pôr em campo e agir - são as causas que recuam para um futuro tão remoto o advento do socialismo puro. Se os homens não tomam iniciativa de agir em seu próprio proveito, que farão quando o resultado do seu esforço for necessário para redundar em benefício de todos? Por enquanto parece que os homens ainda precisam de ser feitorados. O que mantém muito empregado no seu posto e o faz trabalhar é o medo de, se não fizer, ser despedido no fim do mês. Anuncie precisar de um taquígrafo, e nove entre dez candidatos à vaga não saberão ortografar nem pontuar - e, o que é pior, pensam que não é necessário sabê-lo.

Poderá uma pessoa destas escrever uma carta a Garcia?

"Vê aquele guarda-livros", dizia-me o chefe de uma grande fábrica.

"Sim, que tem?"

"É um excelente guarda-livros. Contudo, se eu o mandasse transmitir um recado, talvez se desobrigasse da incumbência a contento, mas também podia muito bem ser que no caminho entrasse em duas ou três casas de bebidas, e que, quando chegasse ao seu destino, já não se recordasse da incumbência que lhe fora dada. "

Será possível confiar a um tal homem uma carta para entregá-la a Garcia?

Ultimamente temos ouvido muitas expressões sentimentais, externando simpatia para com os pobres entes que mourejam de sol a sol, para com os infelizes desempregados à cata de trabalho honesto, e tudo isto, quase sempre entremeado de muita palavra dura para com os homens que estão no poder.

Nada se diz do patrão que envelhece antes do tempo, num baldado esforço para induzir eternos desgostosos e descontentes a trabalhar conscienciosamente; nada se diz de sua longa e paciente procura de pessoal, que, no entanto, muitas vezes nada mais faz do que "matar o tempo", logo que ele volta as costas. Não há empresa que não esteja despedindo pessoal que se mostra incapaz de zelar pelos seus interesses, a fim de substituí-lo por outro mais apto. Este processo de seleção por eliminação está se operando incessantemente, em tempos adversos, com a única diferença que, quando os tempos são maus e o trabalho escasseia, a seleção se faz mais escrupulosamente, pondo-se fora, para sempre, os incompetentes e os inaproveitáveis. É a lei da sobrevivência do mais apto. Cada patrão, no seu próprio interesse, trata somente de guardar os melhores - aqueles que podem levar uma mensagem a Garcia.

Conheço um homem de aptidões realmente brilhantes, mas sem a fibra precisa para gerir um negócio próprio e que, ademais, se torna completamente inútil para qualquer outra pessoa, devido à suspeita insana que constantemente abriga de que seu patrão o esteja oprimindo ou tencione oprimi-lo. Sem poder mandar, não tolera que alguém o mande. Se lhe fosse confiada uma mensagem a Garcia, retrucaria provavelmente: "Leve-a você mesmo".

Hoje este homem perambula errante pelas ruas em busca de trabalho, em quase petição de miséria. No entanto, ninguém que o conheça se aventura a dar-lhe trabalho porque é a personificação do descontentamento e do espírito de réplica. Refratário a qualquer conselho ou admoestação, a única coisa capaz de nele produzir algum efeito seria um bom pontapé dado com a ponta de uma bota número 42, sola grossa e bico largo.

Sei, não resta dúvida, que um indivíduo moralmente aleijado como este não é menos digno de compaixão que um fisicamente aleijado. Entretanto, nesta demonstração de compaixão, vertamos também uma lágrima pelos homens que se esforçam por levar avante uma grande empresa, cuja horas de trabalho não estão limitas pelo som do apito e cujos cabelos ficam prematuramente encanecidos na incessante luta em que estão empenhando contra a indiferença desdenhosa, contra a imbecilidade crassa e a ingratidão atroz justamente daqueles que, sem o seu espírito empreendedor, andariam famintos e sem lar.

Dar-se-á o caso de eu ter pintado a situação em cores demasiado carregadas? Pode ser que sim; mas, quando todo mundo se apraz em divagações, quero lançar uma palavra de simpatia ao homem que imprime êxito a um empreendimento, ao homem que, a despeito de uma porção de empecilhos, sabe dirigir e coordenar os esforços de outros, e, que, após o triunfo, talvez verifique que nada ganhou; nada, salvo a sua mera subsistência.

Também eu carreguei marmitas e trabalhei como jornaleiro, como também tenho sido patrão. Sei, portanto, que alguma coisa se pode dizer de ambos os lados.

Não há excelência na pobreza de per si; farrapos não servem de recomendação. Nem todos os patrões são gananciosos e tiranos, da mesma forma que nem todos os pobres são virtuosos.

Todas as minhas simpatias pertencem ao homem que trabalha conscienciosamente, quer o patrão esteja, quer não. E o homem que, ao lhe ser confiada uma carta para Garcia, tranqüilamente toma a missiva, sem fazer perguntas idiotas, e sem a intenção oculta de jogá-la na primeira sarjeta que encontrar, ou praticar qualquer outro feito que não seja entregá-la ao destinatário, este homem nunca fica "encostado", nem tem que se declarar em greve para forçar um aumento de ordenado.

A civilização busca ansiosa, insistentemente, homens nestas condições. Tudo que um tal homem pedir, se lhe há de conceder. Precisa-se dele em cada cidade, em cada vila, em cada lugarejo, em cada escritório, em cada oficina, em cada loja, fábrica ou venda. O grito do mundo inteiro praticamente se resume nisso: Precisa-se, e precisa-se com urgência, de um homem capaz de levar uma mensagem a Garcia.