segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Por que somos ROSACRUZES?



(por RALPH M. LEWIS, FRC)
A pergunta quanto ao porquê de sermos Rosacruzes poderia apresentar muitas respostas
diferentes. Poderia haver tantas respostas distintas quantos são os membros da AMORC.
Porém, por trás das diversas respostas há uma causa comum, e essa causa se expressa em outra
questão: Por que estamos aqui? Toda pessoa reflexiva de qualquer idade alguma vez ponderou
sobre esta questão. O ser humano tem pressuposto e sinceramente acreditado possuir um
vínculo com o Infinito. Acredita haver energias intangíveis, uma inteligência psíquica que o liga à
causa primeira de tudo. Além disso, o homem tem mostrado propensão a considerar a mente superior à matéria. Tem, em geral, contestado a noção de que a totalidade da mente humana seja
um subproduto da matéria em movimento. O homem tornou-se capaz de empregar a mente para levar forças físicas da natureza a obedecer a sua vontade. A mente tornou-se causativo em
seu mundo.
Consequentemente, pareceu coerente ao ser humano que uma inteligência correspondente,
porém superior, se encontrasse além de toda realidade. Parecia ilógico que o Cosmos fosse
desprovido desse poder de que o próprio homem tanto se orgulhava. Por conseguinte, o ser
humano concluiu que uma Inteligência Infinita, que tudo criara, também o impregnaria. O
homem estabeleceu ideais para si mesmo. Conduz seu organismo no sentido desses ideais.
Acredita, portanto, que a Inteligência Infinita, Transcendental ou Cósmica deva também ter um
propósito final superior em relação ao homem.
Porém, é difícil para este conciliar as experiências humanas com a crença num propósito
divino. Não há caminhos bem definidos que conduzam a ideais concretos de felicidade. O caminho
da vida é entremeado de eventos variados. Alguns abrigam o bem; outros, o mal. A sorte
humana varia quase diariamente, como um cata-vento na tempestade. Milhões de homens e
mulheres se têm lamuriado como o antigo filósofo epicurista, Lucrécio. Lamentava-se este: " Por
que trazem doenças, em sua passagem, as estações do ano? Por que a morte prematura em toda
parte espreita? A criança recém-nascida enche o quarto de lamentos tristes. Bem o faz, que seu
destino será andar pela vida através de numerosos infortúnios".
Será o homem, afinal, apenas produto de forças mecânicas não-pensantes do universo?
Deve ele andar pela vida aos tropeços, tentando agarrar as saias do destino? Se há uma missão
para seres como o homem, qual será? Isto resultou na pergunta quase universal: Por que
estamos aqui? Ao buscar sua resposta, o homem busca segurança. Necessita de uma certeza
pessoal que lhe possibilite a paz de espírito.
Há homens que pensam que a vida, como a vivem lhes foi predeterminada. Creem
necessário submeter-se às vicissitudes da vida. Para eles, a existência é como uma bola de bilhar,
rolando e desencadeando eventos à sua passagem. Esperam que nalgum ponto do caminho caiam
na caçapa certa de uma jubilosa vitória na vida; se não o conseguirem nesta existência,
consegui-lo-ão na vida após a morte.
Outros há que acreditam que a felicidade e a paz de espírito constituem responsabilidade
exclusiva do próprio homem. Adotam o ponto de vista de que não há certeza cósmica, mas
apenas possibilidades. Existem fatores tanto de miséria quanto de felicidade. Tais pessoas creem
que competem à mente humana determinar valores e relações corretas. Estão convencidas de
que somos nós próprios, ao vivermos os mistérios da vida, que podemos responder a questão
"Por que estamos aqui?". Quem assim pensa são os Rosacruzes. Se não pensamos deste modo,
não somos Rosacruzes no sentido tradicional.
Como Rosacruzes, portanto, devemos aprender a estabelecer um propósito sensato para
nossa vida. Este propósito depende do nosso discernimento das relações que temos com o
Cósmico. Consiste também na descoberta dos vínculos que temos com as forças da natureza, que
também são Cósmicas. Consiste, enfim, em aprendermos como estabelecer um relacionamento
proveitoso com nossos irmãos humanos. A dois caminhos para alcançá-lo. Primeiro, a eliminação
dos valores negativos. Por negativos entendemos ideias, noções e crenças que inibem nossos
poderes e funções naturais. A ação é o positivo. O negativo é a inércia correspondente. Nem toda
ação. naturalmente, é boa, como também nem sempre o controle e o refreamento são errados, se
algo há que devemos realizar cósmica, moral ou socialmente, e não o realizarmos, isto constituirá,
então, uma atitude adversa, negativa.
Entre os grandes negativos que devemos combater encontram-se os temores associados
à morte. É natural que o homem tema a morte. Esta significa o exato oposto da vida, a cessação
de toda a atividade de que consiste a existência. Permanentemente, há em nossa subconsciência
o inelutável impulso para ser, para viver. A mente consciente é sempre sensível a esse impulso,
a essa inclinação. Por conseguinte, a morte geralmente parece um fim, uma porta que se fecha
para qualquer que seja o sentido que tenhamos atribuído à vida.
O homem conhece a certeza da morte, do fim da existência física. supõe, espera e
acredita haver uma continuação da vida após a morte. A filosofia e a religião cultivam a
disciplina da escatologia - que compreende a investigação ou o estudo dos fins últimos da
existência humana. Tais sistemas procuram explicar a vida após a morte em termos de nossa
experiência mortal e terrena. Atribuem à vida após a morte e provações a que se encontra
sujeita a personalidade humana. Estendem para o outro mundo valores morais como bem e mal.
Admitem a existência de castigo, de punição, prescrita segundo o mal que o homem tenha
cometido.
(continua...)